“Eu continuo a ser uma coisa só: um palhaço, o que me coloca num nível mais elevado do que o de qualquer político.” Charlie Chaplin

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Bienal da Une: um rio chamado ilusão



Por: Gilberto Junior


         “União Nacional dos Estudantes luta contra norte-americanos mas usa jeans, Adidas e se duvidar come no Mc Donalds”.


         Foi bem coisa de estudante. Em cima da hora resolvemos ir para a bienal da Une. Mochila nas costas, carona com uma galera de Ijuí, pouca grana no bolso e 26 horas de estrada rumo ao estado fluminense.
         A quinta bienal de arte, cultura e ciências da União Nacional dos Estudantes aconteceu entre os dias 27 de janeiro a dois de fevereiro desse ano. O ponto marcante do evento foi a Culturata, uma caminhada até a antiga sede da Une que foi tomada pelos militares em 1964.
         Mais de 11 mil estudantes de todo o país se manifestando, articulando, politizando de uma forma pervertida, muitos não sabiam a bandeira que estavam levantando naquele momento de euforia. Sim, o jovem brasileiro é manipulável.
         O que mais se vê em eventos como esse é gente com Che Guevara estampado no peito, gritando contra o imperialismo norte-americano e contra o neoliberalismo. Todos em uma só voz, exaltados, clamam pela União Nacional dos Estudantes. Uma grande maioria, num sentimento de democracia, aposta na igualdade dos povos. Isso na verdade é ingênuo.
         Não se pode sair por aí dizendo que a bienal foi só tragédia. Houve momentos de felicidade. A visita ao Cristo Redentor foi um deles. Copacabana, Ipanema, Barra da Tijuca, por exemplo, influenciaram na visão política, democrática e igualitária inexistente. O Rio de Janeiro continua lindo. Ainda lembro quando era pequeno e queria mudar o mundo tomando leite e Nescau. Mas a experiência que tive com a proposta imposta pela Une, concluí que com essa farda não se muda nada.
         As contradições são visíveis e nada entendíveis. A imagem de um jovem que luta contra o imperialismo norte-americano que usa jeans e Adidas, me faz pensar o quanto incoerente é esse movimento. Uma bienal que prega mudanças com políticas diferentes, só que no palco passam cenas anacrônicas e de pensar utópico.
         De fato, o jovem pede mudanças e até tenta mudar a situação catastrófica do país, mas é levado e manipulado pela sede de poder. A idéia de que a Une, maior entidade estudantil do país, diz usar uma nova forma de política, não foi presenciada na bienal, pelo menos foi o que eu vi, senti e escutei.
         "Vale milhões de vezes mais a vida de um único ser humano do que todas as propriedades do homem mais rico da terra". Falou um dia Che Guevara. Será que Che está sendo bem entendido por seus adeptos? Não. Guevara lutava por justiça, igualdade e era generoso. Hoje se levanta uma bandeira contra a fome, mas não para acalmar o estômago, e sim para se esconder atrás do mastro até se alcançar o trono.
         Numa tarde da bienal, sentei num bar e pedi uma água. O calor não me abatia tanto quanto os painéis de bobagens que se passava na Lapa. Sentou ao meu lado um estudante, que faz parte dos movimentos estudantis há muito tempo. Comentei com ele a minha frustração com a Une e com a bienal, cogitei estar impaciente com tanto discurso pronto. Respondeu ele: “É que todos aprendem com os mais velhos. Os caras vêem que sem poder não adianta nada e acabam seguindo a mesma linha de pensamento dos atuais políticos”. Com essa resposta não precisei de mais nada. A luta é longa e vaga. Ele usava jeans, camiseta branca e all star.
         O que adianta uma bienal revelar sua indignação com os EUA quando o Brasil está virado numa bagunça. Não precisamos atravessar o Atlântico pra ver desgraça. Na nossa pátria, milhões de pessoas morrem de fome todo ano. Uma guerra é iniciada a cada segundo em diferentes cantos do país. A realidade é que o jovem age com demasiado entusiasmo e esquece de limpar o próprio nariz.
         Se antigamente a Une influenciou na mudança da terra tupiniquim, atualmente, num olhar profundo, é manipulada pelo governo e leva consigo uma grande parte de adolescentes possuídos pela sedução do espírito revolucionário. Acredito que precisamos de mais objetividade e menos utopias. De projetos o mundo está cheio. Pra mim, a bienal da UNE foi nua, vazia e imparcial. A bienal pregou o verde e amarelo, mas em certas atitudes vestiu azul e vermelho.

2 comentários:

Anônimo disse...

Giiiiiiiiiiiiiiiiiiiu
Adorei os textos...como todos os que você faz, estão ótimos.
Parabéns...
Beijos, te adoro garoto

L. Tamie O.

Unknown disse...

pooo giuu tu mata a pau velhoo...
parabénss bruxooo...
abraçooo